domingo, 28 de junho de 2009

A procura era grande
Abriam-se gavetas e portas
Usavam-se lupas e luvas
E nada

Andava-se com pressa
Com medo
Com cara de susto

Aquilo devia estar em um armário secreto
Em um fundo falso
Na capa do mágico
Por debaixo do tapete

Dentro dela é que não podia estar
Talvez na superficialidade da coisa
No desarrumar dos cabelos
Ou no piscar dos olhos

Mas ela não demonstraria nada
Nem na boca borrada
Nem na palavra esquecida

Ela sim sabia fingir
Sabia ler e mentir
Gostava disso

Ela sim sabia enganar
Brincar de se machucar
Esconder e não se deixar levar

sexta-feira, 19 de junho de 2009

É só o preço que se paga
A noite que não se dorme
O livro que não é lido
A voz que foi embora

É só mais um dia que se arrasta
Mais um jornal que aparece na mesa
Que vai ser lido
(engo)lido
Arquivado

E logo depois
Esquecido
Assim como tudo
Assim como ele
Assim comoela

Sem moeda
Com atrito

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Outra Rota


Eu vou fechar as contas e me mandar
Me ajoelhar, pedir perdão
Depois te perdoar
Você não merece o que eu te fiz
Só pra te machucar
Como se o forte fosse eu


Eu tou em outra rota pra um outro lugar
Eu quero as coisas certas
Eu quero te falar


Você não merece o que eu te fiz
Tentando te mudar
Como se o certo fosse eu


Agora somos só nós dois olhando pros lados
Depois de tanta estupidez
Agora somos só nós dois olhando pros lados
Já nem te vejo mais


E acreditar, e acreditar
Mesmo sem ver as provas
De cada corte corre sangue
E a vida se renova
Você sabe o que eu já fiz
E do que eu fui capaz
Mas fica tudo entre nós


(A Outra Rota - Paralamas do Sucesso)


Antes que vire sucesso, queria dizer que ouvi hoje e achei linda a música!


domingo, 14 de junho de 2009

Veja bem como é gostoso rabiscar
Como é gostoso se deixar levar e se lambuzar nos outros
Veja bem meu amigo
Como o tempo já passou
E o medo não nos importa mais

Pegue um pincel e venha brincar comigo
Balance comigo naquele parque de areia
E construa um castelo
Para que mais tarde eu possa destruir os seus sonhos

O tempo corroeu o medo e nos ajudou
Pouco me importa se já passam das 3 da manhã
Eu quero rolar e deitar
E não ter que pensar no que se foi
Muito menos no que virá

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Eu queria não lembrar, queria esquecer de uma vez por todas tudo que não aconteceu.
Mas que eu imaginei, retoquei, maquiei. Eu fiz um castelinho em torno de tudo.
Se eu gosto de criar e não praticar?
Sim, eu gosto. Gosto mesmo.
Gosto de imaginar tudo que seria bom, mesmo sabendo que o bom não vai chegar.
Gosto de sofrer, sim. Você não?
Eu não gosto de ser enganada, mas adoro me enganar.
Parece balela. Mas é tão gostoso.
Essa masturbação mental de como seria e não foi.
Se tudo que eu imagino fosse verdade (apesar de ter certeza absoluta que não foi, não é e não será) eu escreveria um filme.
Daria a ele o seu nome. Eu juro.
Seria o nome mais feio do mundo.
Mas o filme. Ah, o filme seria lindo como uma flor de maracujá.